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domingo, 3 de abril de 2011

TILLANDSIAS - PERFUMES DA SEDUÇÃO

Por: Rômulo Cavalcanti Braga

Como descrever um universo jamais imaginado, com plantas exóticas de tamanhos e cores que não estão registradas em nossas mentes? Este é o maior desafio quando se tenta colocar em palavras o que se vê e se sente ao evocar sentimentos e sensações. As Bromélias são as pérolas florais da natureza. Elas exibem uma incrível variedade de formas e tamanhos e, quando florescem, uma explosão de cores e aliadas a aromas extasiantes. Uma paleta de cores e odores impressionantes e extraordinárias são expostas. Algumas variedades possuem flores elegantes com as pétalas que vão do branco ao arroxeado e podem exalar uma suave fragrância que a tornam uma atração irresistível no ambiente onde se encontram. Parece quase impossível de se acreditar que flores tão pequenas – algumas com cerca de até um centímetro – possuam um perfume tão intenso e agradável, que se sente a considerável distância. Seus perfumes são ricos em contrastes e notas olfativas que nos invade os sentidos nos transmitindo a sensação de prazeres únicos de bem-estar e aconchego. Estas plantas são nativas dos diversos biomas do planeta, a maioria tem como habitat as áreas tropicais e subtropicais das Américas, grande parte é endêmica da América do Sul. Algumas crescem como plantas de ar nos troncos e galhos de árvores, outras espécies envolvem suas raízes em torno das rochas porosas, e ainda há aquelas como o abacaxi e as estrelas da terra que crescem no solo. As Bromélias são um dos nichos ecológicos mais importantes da natureza. A beleza das Bromélias, das orquídeas e demais plantas frutíferas e aromáticas da costa brasileira já seduziam em 1502 o cosmógrafo e navegador Américo Vespúcio e mais tarde, os naturalistas europeus nos séculos dezoito e dezenove e continuam hoje, encantando Paisagistas e Decoradores. Mas o fascínio é uma espada de dois gumes, que se virou contra a própria espécie, pois uma das maiores ameaças a tais plantas, hoje, é a coleta predatória para fins ornamentais. Podemos citar aqui alguns exemplos como: Arhiza, Caeruela, Cacticola, Crocata, Crocata Var. Tristis, Diaguitensis, Duratii, Ixioides, Mallemontii Blue Flor, Narthecioides, Ouro inca do Peru, Straminea, Streptocarpa, dentre outras tantas. A natureza prodigiosa deu às flores perfumes para atrair os polinizadores, garantindo assim a perpetuação da espécie. Não é por acaso que fragrância é praticamente um sinônimo de flor. É sabido que várias espécimes de Bromélias e Orquídeas são grandes produtoras de néctar. Mas há também outras que não o produzem e atraem os potenciais polinizadores – beija-flores, abelhas, borboletas, mariposas, besouros, morcegos – apenas com o perfume. Ao entrar na bolsa formada pela flor, o polinizador fica tão inebriado que até dispensa o pagamento pelo serviço de polinização, ou seja, o néctar. “(...) Esta terra é muito amena; e cheia de inúmeras árvores verdes, e muito grandes, e nunca perdem folha, e todas têm odores suavíssimos, e aromáticos, e produzem inúmeras frutas, e muitas delas boas ao gosto, e saudáveis ao corpo, e os campos produzem muitas ervas, e flores, e raízes muito suáveis, e boas, que umas vezes me maravilhava do odor suave das ervas (...) tanto que em que em mim pensava estar perto do paraíso terrestre”. Assim, escreveu Américo Vespúcio, em sua segunda viagem à América, quando percorreu a costa brasileira. Os odores suavíssimos de árvores, ervas, orquideas e bromélias brasileiras sentidos por Vespúcio, são de fato muito variados em todos ecossistemas tropicais. As plantas produzem os chamados componentes odoríferos através de secreções internas, que podem ser encontradas em suas raízes, madeira, folhas, sementes, frutos e flores. Essas substâncias têm como objetivo atrair polinizadores. Pesquisadores acreditam que os insetos, na verdade, buscam as substâncias odorantes dessas flores para se perfumarem ou como matéria-prima para produzir de seus próprios feromônios – a palavra vem do Grego: pheros = longe, e horman = excitar ou o que excita à distância. Descobertos há apenas quarenta anos, e ainda insuficientemente compreendidos pela ciência, os feromônios são definidos como odores de comunicação entre indivíduos da mesma espécie, capazes de provocar respostas comportamentais. Os mamíferos usam odores para demarcar territórios e conquistar parceiros. Os pássaros suas plumagens coloridas e suas evoluções aéreas para atrair as parceiras. Já o homem sintetiza esses poderes em frascos tão variados quanto nossas intenções ao usá-los. Com novas tecnologias é capaz mesmo de resumir a essência de uma tillandsia duratii em pequenas cápsulas, tão diminutas que basta arranhar para se sentir... No reino das plantas, inúmeras são as espécies adotadas pelos homens por suas fragrâncias agradáveis. Não é por acaso que fragrância é praticamente um sinônimo de flor. É com seu aroma que a maioria dos perfumistas compõem as suas criações. Algumas são consideradas os pilares da perfumaria. Como abelhas, somos facilmente atraídos por seu cheiro agradável. História – Há mais de dois mil anos aprendemos a elaborar misturas sofisticadas, transformando tais substâncias vegetais em perfumes. O uso, inicialmente, era religioso, restrito aos sacerdotes, de onde vem a palavra perfume – do Latim: per fumum ou através da fumaça – associada aos incensos, até hoje largamente utilizados. A arte da elaboração do perfume nasceu no Egito transpondo os limites dos tempos e das pirâmides, transformando-o em um acessório apreciado pelos ricos mortais, ao invés de ser privilegio unicamente dos deuses e dos mortos. Assim, os sacerdotes aos poucos transformaram seus templos em autênticos laboratórios de Perfumes Artesanais. Por volta de dois mil antes de Cristo, os primeiros clientes foram os faraós e os membros importantes da corte, logo, o uso do perfume se difundiu, trazendo um agradável toque de frescor ao clima quente e árido do Egito. A necessidade de contar com essências refrescantes tornou-se tão fundamental que a primeira greve da história da humanidade foi protagonizada em 1330 a.C. pelos soldados do faraó Seti I, que pararam de fornecer ungüentos aromáticos. Pouco depois, coube ao faraó Ramsés II enfrentar uma revolta de peões em Tebas, que estavam indignados com a escassez de rações, de comida e de ungüentos. Os egípcios cuidavam muito de sua higiene pessoal, tinham hábito de lavar-se ao acordar, e também antes e depois das principais refeições; além de água, usavam uma pasta de argila e cinzas, a suabu, que era uma espécie precursora do atual sabão; a seguir, friccionavam o corpo com incenso perfumado. O químico árabe, Al-Kindi (Alkindus), escreveu no século nono um livro sobre perfumes chamado Livro da Química de Perfumes e Destilados. Ele continha centenas de receitas de óleos de fragrâncias, salves, águas aromáticas e substitutos ou imitações para drogas caras. O livro também descrevia cento e sete métodos e receitas para perfumaria, inclusive alguns dos instrumentos usados na produção de perfumes ainda levam nomes árabes, como alambique, por exemplo. O médico e o químico persas Muslim e Avicenna, introduziram o processo de extração de óleos de flores através da destilação, o processo mais comumente utilizado hoje em dia. Seus primeiros experimentos foram com as rosas. Até eles descobrirem perfumes líquidos, feitos de mistura de óleo e ervas ou pétalas amassadas que resultavam numa mistura forte. A água de rosas era mais delicada, e logo tornou-se popular. Ambos os ingredientes experimentais e a tecnologia da destilação influenciaram a perfumaria ocidental e desenvolvimentos científicos, principalmente na química. A partir da Espanha foi introduzido em toda a Europa durante o Renascimento. Foi na França, a partir do século quatorze, onde se cultivavam flores, que ocorreu o grande desenvolvimento da perfumaria, permanecendo desde então como o centro europeu de pesquisas e comercio de perfumes. As flores são efetivamente, as principais fontes de inspiração para os perfumistas. No entanto, os óleos essenciais usados na elaboração de um perfume pode vir também das raízes, caules, folhas, sementes, frutos, resinas, cascas de arvores, entre outros, o que proporciona um leque ilimitado de combinações. A laranjeira por exemplo oferece o neroli (extraído das flores), óleo cítrico (obtido da casca da fruta), e petitgrain (oriundo de folhas e galhos). Em meio a tantas possibilidades, cabe ao perfumista decifrar harmoniosas composições e interpretar o mistério da metamorfose que cada nota e / ou tom irá gerar em um novo acorde. Essa não fácil. Há um século existiam cerca de cento e cinqüenta ingredientes que podiam ser usados na formula de uma fragrância. Atualmente esse numero saltou para mil extratos naturais e, graças aos avanços da química, há mais de três mil opções em sintéticos, que são a base de muitos perfumes modernos. Perfume – O perfume é uma mistura de oleos essenciais aromáticos, álcool e água, utilizado para proporcionar um agradável e duradouro aroma a diferentes objetos, principalmente, ao corpo humano. Os óleos essenciais são obtidos por destilação de flores, plantas e ervas, tais como a lavanda, rosas, jasmin, sândalo, frutas citricas, bergamota etc. O perfume de jasmin se obtém através de um processo chamado enfleurage, que consiste em impregnar as substâncias aromáticas em cera e depois extrair o óleo com álcool. Também, são utilizados compostos químicos aromáticos. Os fixadores que aglutinam as diversas fragâncias incluem bálsamos, âmbar cinzento e secreções glanulares de civetas e cervos almiscarados. Estas secreções sem diluir tem um odor desagradável, porém em solução alcoolica atuam como conservantes. Atualmente, os animais estão protegidos em muitos paises, por isso, os fabricantes utilizam almiscares sintéticos. A quantidade de álcool depende do tipo de perfume que se quer obter. Normalmente, a mistura deixa-se envelhecer por um ano. Classificação Pela Concentração – A concentração de uma fragrância pode ser classificada de acordo com quantidade de óleos aromáticos diluídos em um solvente.
 Parfum (Extrato de Perfume) – A forma mais concentrada, entre 20 a 40% de compostos aromáticos (essência);
 Eau de Parfum EdP (Deo Perfume) – Varia de 12 a 18% de compostos aromaticos;
 Eau de Toilette EdT – Varia de 08 a 14% de compostos aromáticos;
 Eau de Cologne EdC (Deo Colônia) – Varia de 03 a 07% de baixa concentração de essências;
 Splash Parfum EdS – 01% de compostos aromáticos.

Principais Famílias Olfativas – As fragrâncias classificam-se em:
 Citricos Florais – Quando utilizam materias-primas extraidas de cascas de frutas tais como: lima, laranja, pomelo, tangerina, mandarina, entre outras. São também denomidos frutados;
 Florais Aldeidos – A matéria-prima é extraida das flores naturais, como rosas, jasmim, tillandsias, orquídeas ou desenvolvida sinteticamente em laboratórios. As notas tem caráter delicado, sutil e discreto;
 Fougère – Elaborado a partir de matéria-prima leve e fresca, normalmente extraídas de madeira, por isso são conhecidos como amadeirados, e a elas se juntam a mistura de álcoois, tubérculos e raízes. São muito utilizados em fragrâncias masculinas;
 Chipre Floral – Fabricado com matéria-prima advindas de musgos, normalmente do carvalho. São os perfumes mais clássicos e sofisticados;
 Oriental Floral – Sua mistura é constituida normalmente das tuberosas, baunilha, patchouly, ylang ylang. Inspiram sofisticação, são marcantes, misteriosos e super sensuais;
 Couros Secos – Fragrâncias extremamente secas, com caracteristicas dominantes. Suas matérias-primas são extraidas do tabaco, de madeiras, couros, musgos, etc.
 Aldeído Floral – Geralmente são misturas sintéticas, também usadas nos perfumes muito clássicos e sofisticados. Possuem um certo frescor inicial característico e picante;
 Aromático Secos e Frutados – São misturas de secos e frutados, que criam uma fragrância híbrida. Geralmente usam condimentos como cominho, estragão e manjericão, além de especiarias como cravo, canela, noz-moscada e até mesmo pimenta.
A Magia dos Aromas – Antigamente, o sistema límbico era chamado de cérebro das emoções. Quando estamos muito tensos e nervosos, um aroma de lavanda (este é facilmente encontrado em várias espécimes de tillandsias) é capaz de nos relaxar e nos induzir ao sono, ajudando em casos de insônia. Quando estamos apáticos, deprimidos, infelizes, o aroma da tillandsia duratii pode ajudar na recuperação. Aromas de limão, eucalipto e alecrim melhoram a concentração, sendo que o alecrim alivia também o cansaço. Aplicação no Corpo – Ao aplicar-se o perfume sobre a pele, o calor do corpo evapora o álcool rapidamente deixando as substâncias aromáticas, que se dissipam gradualmente durante várias horas. Por isso, o perfume é aplicado nas partes mais quentes do corpocomo pulsos, nuca e atrás das orelhas. Classificação – A força de um perfume depende, basicamente da concentração de matérias-primas utilizadas em sua concepção. Do ponto de vista técnico, consiste na mistura de vários ingredientes voláteis dissolvidos em álcool, que se espalham no ar em temperaturas normais. Pela origgem a palavra perfume aplica-se somente ao tipo de composição que contém a mais alta proporção de extrato aromático com o menor teor de álcool possível. As outras combinações quase sempre levam um pouco de água na formula. Essa concentração portanto é fator determinante na nomenclatura. É comum ouvir falar em fragrâncias com forte ou fraco poder de fixação, ou seja que persistem, ou não, por várias horas. Mas o efeito não é mérito de um agente fixador, como há quem acredite. Na verdade, a fixação se deve às notas de base e / ou de fundo. Elas são ingredientes mais densos e persistentes, capazes de atuar na composição de modo a proporcionar uma difusão mais lenta.
o Notas de Saída (Cabeça) – A introdução. A impressão inicial, elaborada para despertar o interesse, são as notas mais leves aquelas que escapam do frasco. Ingredientes ligeiros e voláteis que evaporam rapidamente, são sentidas logo após a sua aspersão, vão direto para as narinas. São notas frescas como limão, laranja, pinho, lavanda e eucalipto.
o Notas de Coração (Corpo) – O centro, a alma, a personalidade do perfume, são notas que expressam o tema principal da fragrância. Menos voláteis, evaporam mais devagar, são sentidas assim que o perfume desaparece sobre a pele. São notas mais encorpadas como as de flores, folhas e especiarias.
o Notas de Fundo (Base) – Garante o poder de fixação de uma fragrância, são notas que definem o cheiro que se difunde na pele. Pouco voláteis, os ingredientes evaporam lentamente, é o último acorde a ser percebido e o que permanece por mais tempo. São notas densas, como as de resinas, de madeiras e as de origem animal.
O perfumista usa a fantasia e o olfato para criar fragrâncias marcantes, que podem reunir até trezentas matérias-primas. É capaz de distinguir mais de três mil cheiros e consegue combiná-los em uma quantidade ilimitada de fórmulas. Como um maestro compõe as diferentes notas, sua mistura resulta no acorde ou na harmonia da fragrância, imaginando o papel que cada ingrediente terá em sua composição olfativa. A força de um perfume depende da concentração de extrato aromático e das matérias-primas usadas em sua composição. Transformar esse mix em sucesso está nas mãos dessa categoria restrita e valiosa de profissionais, que ganham salários astronômicos para desenvolver essências sob encomenda. O bom nariz se desenvolve desde a infância. Existe uma ligação muito forte entre as coisas que acontecem durante a vida e os cheiros que as acompanham.

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