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segunda-feira, 18 de abril de 2011

TILLANDSIAS – AS FILHAS DO VENTO

Por: Rômulo Cavalcanti Braga

Os quatro elementos da natureza, possuem forças portentosas capazes de destruir, criar e de regenerar e inúmeras são as possibilidades para uma adaptação bem sucedida oferecidas pela natureza e certas criaturas sabem como explorá-las da maneira mais estranha e versátil. Dentre os métodos de subsistência mais longe do que é geralmente considerado padrão, as Tillandsias escolheram uma forma que poderia até mesmo ser fantástica, pois elas se alimentam de ar. Estas belas plantas da família das Bromélias desdenharam a terra e escolheram viver livres de forma aleatória, nos ramos das árvores, em rochas, muros, linhas de energia elétrica ou grades de casas. Esta independência decorre do sistema de alimentação peculiar que elas compartilham com todas as epífitas. Suas folhas, cuja morfologia de algumas espécies são decididamente impares são cobertas com escamas prateadas chamadas de tricomas. Os tricomas ou pêlos, são crescimentos celulares que cobrem a epiderme de muitas plantas. Eles têm formas e funções diferentes de acordo com as necessidades de cada espécie. De uma forma geral, eles agem como uma proteção para as folhas, funcionam como um prisma refletindo o excesso de luz, evitando as queimaduras, reduzindo a temperatura, evitando a desidratação, absorvem água e sais minerais dissolvidos no ar e os canalizam para os tecidos da planta. Esta peculiaridade deles ganhou o Nemo de tricopompa. Outra faz fermentar os nutrientes que são captados pelas colônias de bactérias fixadoras de nitrogênio. Esses microrganismos passam seu ciclo de vida nas folhas das Tillandsias, fornecendo as plantas uma parte importante da proteína orgânica de que precisam. Algumas espécies como a Tillandsia Seleriana, obtêm o nitrogênio, estabelecendo uma relação com as formigas. A planta oferece os seus pseudobulbos como abrigo e as formigas as pagam com seus restos ricos em nitrogênio dos resíduos orgânicos que coletam. Os habitats das Tillandsias variam desde o sul dos Estados Unidos à Patagônia. Até o momento há mais de quinhentas espécies registradas. Este fato é um bom exemplo da versatilidade da espécie para explorar as mais diversas condições ambientais. Elas podem ser encontradas sobre os picos dos Andes, escondidas entre as folhagens das florestas tropicais e até nas dunas de areias ou nos jardins das mansões ao redor de Buenos Aires. As Tillandsias eram conhecidas pelos maias, que costumavam decorar suas casas e templos com elas, eram aparentemente desconhecidas pelos naturalistas europeus até 1623, ano em que o médico naturalista suiço Gaspar Bouhin descreveu uma das suas muitas espécies no seu Pinax Theatri Botanici. Um século depois, essas plantas um pouco estranhas seriam nomeadas Tillandsia Utriculata pelo médico e naturalista sueco Carl Von Linné. Mas os primeiros europeus a ficarem atônitos com a visão de uma árvore com folhas de cores e formas muito diferentes (a árvore em questão, de fato estava coberta de diferentes espécies de Tillandsias), foram submetidas aos homens que desembarcaram com Colombo, numa ilha que a que seus nativos chamavam de Guanahani. Os nativos ainda hoje, as descrevem como plantas mágicas que partilham seus sistemas radiculares com outras plantas. Muitos botânicos mais tarde dedicaram parte de seus trabalhos à família das Bromélias e a subfamília das Tillandsias e a este gênero em particular, sem nunca conseguir compreender inteiramente o sistema de vida destas ultimas. A absorção de água e sais minerais através das escamas peltadas que deixam as Tillandsias como tapete, foi descrita pelo fisiologista alemão Carl Mez em um artigo publicado em 1904. Assim, o mistério que havia confundido tanto os naturalistas – a fisiologia das epífitas – foi revelada. As Tillandsias até hoje nunca deixam de surpreender os amantes da natureza, intrigam e despertam os interesses dos cientistas. Os investigadores como G. Ciamician da Universidade de Bolonha, em colaboração com o Professor Luigi Brighigna da Universidade de Florença, têm alcançado resultapdos interessantes com as suas investigações ainda em curso na capacidade das Tillandsias para absorver Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs), que são um subproduto da combustão incompleta da gasolina e do óleo diesel. Os PAHs, têm demonstrado serem perigosos poluentes cancerígenos, causados principalmente pelo tráfego, aquecimento domestico e a atividade industrial. Uma vez que as Tillandsias se alimentam de ar, e são imunes à poluição dos solos, elas podem atuar com sucesso como bioindicadoras de poluentes atmosféricos. Na pesquisa foram utilizadas as espécies Bulbosa e Caput Medusae, mas as caracteristicas que as tornam adequadas para o biomonitoramento ambiental são compartilhadas por todas espécies desta subfamilia. Imagine num futuro não muito distante, os paineis enormes cobertos de Tillandsias sendo colocados em locais onde o tráfego é mais intenso. Aliás em São Paulo a Sabesp já vem fazendo esse trabalho de monitoramento utilizando exemplares da Unióides, com excelentes resultados. Tais câmaras seriam desejáveis, porque assim como fornecer informações sobre as condições do ar, onde podem atuar com filtros de ar e oferecer aos viajantes fôlego a ilusão reconfortante de estar em alguma região das florestas da América do Sul e não no meio do caos da selva de pedra. Outras pesquisas concluídas nos Estados Unidos, descobriu que as Tillandsias são capazes de absorver outros agentes poluentes, bem como o formol, o radônio, dióxido de enxofre, ozônio e fumaça de cigarros. Esta habilidade as torna eficaz no combate a chamada Síndrome do Edifício Doente (SED), o fenômeno de um edifício feito “doente” pela presença dessas substâncias no ar interno, que pode causar enxaqueca, cansaço, sonolência, irritação nasal, náuseas e a perda de concentração. Se forem somadas a estas qualidades a facilidade de crescimento, as Tillandsias serão as plantas ideais para decorar o interior dos lares, com suas formas curiosas e delicadas com as nuances das folhas, contrastantes tão agradavelmente com suas flores coloridas e perfumadas. Em troca elas pedem apenas alguns minutos do nosso tempo.
Obs: Interessados na compra de exemplares desta variedade ou outras, favor solicitar Catálogo Fotográfico pelo e-mail: romulocbraga@uol.com.br.

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