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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

CULTIVO DE BROMÉLIAS E TILLANDSIAS NO BRASIL

Por: Rômulo Cavalcanti Braga

As Tillandsias desfrutam a anos de uma popularidade cada vez mais crescente nos Estados Unidos, Austrália, Holanda, Japão, Alemanha e outros países, onde são formados Clubes e Associações. Nada mais agradável, pois grande parte das Tillandsias se encontram em processo de extinção e a melhor maneira de serem salvas, é o cultivo pelas mãos de colecionadores. As Tillandsias têm uma reputação de possuir crescimento lento e muitas vezes de serem difíceis de se cultivar, nada de mais se comparado ao cultivo das Orquídeas. Lamentavelmente no nosso país, atualmente se valorizam muito as Orquídeas e se coloca no limbo as suas ilustres primas as Bromélias com preconceitos do tipo: que são vetores de reprodução dos Aedes Aegypti e Aedes Albopictus – transmissores da dengue. Na verdade vários estudos feitos pela Fiocruz, desmitificam o fato. Na natureza, uma grande variedade de plantas servem de abrigo ao mundo animal. Entretanto, poucas chegam a hospedar uma fauna tão variada e abundante como as Bromélias. A importância ecológica das famílias são marcantes nos ambientes em que ocorrem, pois muitas espécies ampliam a biodiversidade através dos tanques (fitotelmatas), que funcionam como verdadeiros reservatórios onde se acumulam as águas das chuvas, que por sua vez, são utilizadas por uma vasta gama de seres vivos. A planta transforma-se assim num diminuto oásis. A Bromélia dá de beber e comer aos pássaros e macacos que ali saciam a sede. Muitos nascem e morrem na copa das árvores sem nunca ter posto os pés na terra firme, pois as Bromélias lhes dão as provisões necessárias as suas sobrevivências. A reprodução das Bromélias na natureza ficam a cargo dos beija-flores e abelhas silvestres, seus principais polinizadores. E certo que cada uma tem o seu valor e eu acho que isso resulta de uma incapacidade de reconhecer as diferenciações entre as Bromélias. Quero compartilhar o que aprendi sobre como fazê-las crescer rapidamente. É interessante comparar os dois maiores grupos de bromélias de uma perspectiva ecológica / hortícola. Nesse texto a palavra Tillandsias refere-se apenas às espécies xerófitas ou atmosféricas que crescem nos habitats semi-áridos. Também incluirei as espécies xerófitas das Vrieseas, como a Vriesea Espinosae e Vriesea Rauhii. O outro grupo de que tratarei é o de Bromélias Tanques, aquelas que retêm a água no centro de suas rosetas. Estas são as Aechmeas, Vrieseas, Neoregélias, Guzmanias e Alcântareas Imperialis. Há naturalmente, formas intermediarias tais como as Tillandsia Hildae, Tillandsia Mima, Tillandsia Wagneriana, que podem conter um pouco de água, mas provavelmente raramente por causa de seus habitats. Bromélias Tanques (Vantagens e Desvantagens) – Considero as Bromélias Tanques bastante difícil de crescer em grupos por diversas razões. O problema decorre principalmente de duas características: sua simetria regular e suas folhas geralmente glabras. As folhas brilhantes tornam qualquer dano, altamente visíveis, como manchas de queimaduras. Elas são facilmente feridas por plantas espinhosas adjacentes, como Aechmeas, então elas exigem um espaçamento amplo. A simetria perfeita das Bromélias Tanques é uma fonte primária perfeita de beleza, mas qualquer imperfeição torna-a altamente perceptível. Uma folha danificada não pode ser removida, pois sua ausência seria óbvio. Se uma planta é movida para um local mais claro ou mais escuro, as folhas novas vão crescer em uma roseta mais apertada ou mais solta, arruinando a simetria. Além disso, por causa da simetria são apresentadas da melhor forma como rosetas únicas. Mas, de uma vez que têm um ciclo de crescimento anual (uma planta de floração anual, produz mudas que irão florescer no ano seguinte), isso significa que as touceiras formadas terão que ser freqüentemente divididas e transplantadas. Pessoas que possuem alguns exemplares não percebem quanta mão-de-obra este trabalho envolve, mas bromeliomaníacos com dezenas de plantas me entende. Por último, as extremamente populares Neoregélias requerem uma atenção toda especial com relação ao uso de fertilizantes foliares, pois ao fornecer-lhes nitrogênio perto da maturidade, este inibirá o desenvolvimento de suas cores, que chamo de fixação de cores. Do lado positivo, as Bromélias tanque se adaptam melhor as imperfeições ambientais de uma casa do que as Tillandsias. Elas toleram baixa umidade, e muitas também se sentem à vontade em baixa luminosidade, especialmente as Vrieseas e Guzmanias. Elas também crescem melhor ao ar livre e no sudoeste. Tillandsias Xerófitas – As Tillandsias diferem das Bromélias tanques na maioria de suas características acima, e as diferenças tornam-nas mais fáceis de crescer como espécies quase perfeitas. Manchas de queimaduras raramente são visíveis, por causa da densa camada de tricomas. As folhas são geralmente mais resistentes e não são facilmente danificadas, e os danos são menos perceptíveis na maioria das espécimes por causa de suas formas informais. Também a formação simétrica mais solta na luz raramente estraga a beleza da planta. Erros no uso de fertilizantes não afetam a cor ou forma, mas sim a taxa de crescimento, o que só será percebido daí a algum tempo. Por último, as Tillandsias requerem menos cuidados e espaço, pois elas não necessitam terem suas touceiras divididas constantemente e não necessitam de substrato para se desenvolverem. A maioria destes espécimes ficam mais belas quando aumentam de tamanho formando touceiras. Além disso, a superlotação não fere uma a outra. Infelizmente, existem algumas comparações desfavoráveis com as Bromélias tanques. As Tillandsias necessitam de alta luminosidade, umidade e circulação de ar para um bom desenvolvimento, e, portanto são menos adaptáveis como plantas de interior. Várias espécies podem manter-se em boa aparência por muitos meses em casa, então elas adequadas para decorações temporárias como outras plantas floristicas, que após um período eventualmente serão descartadas e substituídas. No entanto, estou falando com Bromeliófilos que querem que suas plantas cresçam saudáveis e viçosas. É claro que algumas pessoas dedicadas procuram cultivá-las próximas a janelas e com todos cuidados inerentes a espécie. Um bom desenvolvimento de Tillandsias requerem um clima ameno e claridade. Acho que é intrigante que essas plantas que são adaptadas aos trópicos semi-árido, seriam menos tolerantes do que a aridez das Bromélias tanques, que vêm habitats mais úmidos. Mesmo que as Tillandsias cresçam onde sofrem semanas ou meses sem chuvas, a umidade quase nunca vai abaixo de cinqüenta por cento. Ainda assim, creio que as Bromélias tanques nunca tiveram uma experiência de umidade baixas também. Terei de deixar este mistério para um biólogo. Cultivá-las Grandes, Com Desenvolvimento Rápido – Acredito firmemente que a reputação das Tillandsias de serem lentas e /ou difíceis se deve a falha de reconhecer as suas diferenças de outras Bromélias. Não há truques para cultivá-las. Se forem dadas as suas três principais necessidades básicas – Luminosidade, umidade e circulação de ar, plantas saudáveis estarão garantidas. O que na maioria das vezes ocorre é que na ausência de fertilizantes apropriados ás espécies da família das Bromeliáceas, se recorre a adaptação, no caso do uso de fertilizante de Orquídeas. Apesar de serem primas, as Bromélias têm um poder de absorção foliar muito maior que as Orquídeas e também há o fator primordial: as Bromélias temem o elemento COBRE, que as leva fatalmente a morte. O sintoma clássico é o apodrecimento das folhas novas internas da roseta, que com o tempo se soltam, deixando em seu lugar uma mancha escura, e em seguida a morte do exemplar. Eu sempre coloco em todos os meus textos que sou contra a utilização de fertilizantes químicos, que eu pessoalmente só utilizo água pura e esporaticamente uma formulação feita com urina de vaca. Para aqueles que desejam se aventurar com os fertilizantes químicos eu sempre recomendo que o façam utilizando ¼ da força recomendada pelo fabricante, diluída em um litro de água, aplicado com sol frio e uma vez ao mês. Se você pretende desenvolver grandes touceiras é necessário que amarre a Tillandsia com um fio de nylon e a mantenha de cabeça para baixo, as novas mudas crescerão em volta da planta mãe formando bolas decorativas e o excesso de água não se acumulará. Nas espécies não caulescentes a maior parte do crescimento ocorrerá nos primeiros três / cinco anos, sempre se iniciando com uma única planta madura (matriz). A Tillandsia saudável após a floração produz tipicamente de três a cinco filhotes que irão no ano seguinte e também se multiplicarão por três ou cinco vezes. À medida que a touceira fica lotada, o número de filhotes ou brotos diminuirá para um ou dois, e alguns desses se sufocarão pelo crescimento adjacente. A Tillandsia Caput Medusae, por exemplo, atinge seu tamanho máximo em seis ou sete anos em ótimas condições. Depois a moita ou touceira se torna mais densa com as plantas ficarão cada vez menores em meio a multidão no centro da touceira, mas o diâmetro não aumentará. Caulescentes como a Tillandsia Duratii e Tillandsia Aeranthos têm o crescimento mais rápido porque os brotos permanecem bem espaçados e não há competição. Estas espécies se ampliam até o centro e se quebram sob seu próprio peso. A Duratii têm um fator de reprodução bastante interessante: os brotos surgem nas pontas das folhas maduras e ali se desenvolvem rapidamente. Cultura Mais Específica – É difícil fornecer detalhes específicos sobre as condições de tratos culturais, porque eles variam entre as espécies e com o clima da região do produtor. Mas basicamente a luz é o fator mais complicado de se qualificar. Fornecer-lhes luminosidade intensa tanto quanto elas podem tomar sem se queimarem, é preciso saber os limites da experiência. Aqui em Brasília temos alta luminosidade como no litoral do nordeste, assim por experiência própria eu utilizo as folhas de sombrite de 70% dobradas. Pois embora o fabricante afirme que a tela barra 70% da claridade, na prática não é o que ocorre, e sob a ação do tempo ela limitará somente 40%. A utilização de brita ajuda no fator da umidade, pois a pedra é fria, ainda mais quando molhada, mantém a alta umidade e conseqüentemente as plantas podem receber uma maior onda de calor. A umidade deve ser mantida preferencialmente acima de cinqüenta por cento. As Tillandsias pouco crescerão se a umidade for cronicamente inferior a esse valor. A circulação de ar é fator muito importante também, pois é ela que secará o excesso de água das folhas. A água só deve ser utilizada nas regas pela manhã e em dias alternados, assim elas estarão secas no meio da tarde, pois as Tillandsias fazem a respiração CAM e se forem molhas a tarde ou noite isso sufocará os tricomas, que impedirão a abertura das células para respirar. O quesito temperatura para nós no Brasil é um fator irrelevante, pois temos um clima tropical livre de baixas temperaturas. As Bromélias e Tillandsias suportam bem o calor, mas não a baixas temperaturas com neve e geadas, nesse caso elas terão que ser protegidas. Relacionarei a seguir as minhas observações respeitando a adequação de várias espécies, para serem cultivadas como aglomerações ou como exemplares únicos.
01 – Formam touceiras / aglomerações com grande rapidez:
- Aeranthos
- Bulbosa
- Bulbosa
- Butzii
- Caput Medusae
- Pauciflora
- Duratii
- Geminiflora
- Ionantha
- Ixioides
- Juncea
- Meridionalis
- Stricta
- Xiphioides
- Vriesea Espinosae
02 – Crescimento mais lento, com grandes aglomerações:
- Albertiana
- Argentina
- Araujei
- Cacticola
- Caeruela
- Concolor
- Croccata
- Pruinosa
- Seleriana
- Straminea
03 – Melhor cultivadas individuais ou pequenos aglomerados
- Argentea
- Brachycaulis
- Gardneri
- Hildae
- Juncea
- Mima
- Punculata
- Secunda
- Streptophylla
- Tectorum
- Tricolor
- Xerográphica
04 – Tillandsias Xerófitas que aceitam sombra escura e umidade
- Aeranthos
- Bergeri
- Butzii
- Filifolia
- Pauciflora
- Seleriana

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