Por: Rômulo Cavalcanti Braga
O Brasil abriga cerca de quarenta por cento das espécies de Bromeliaceas catalogadas, o que representa quase mil trezentos e dez táxons diferentes. Quanto aos gêneros, cerca de setenta e três por cento ocorrem no país. Destes, quarenta por cento são encontrados exclusivamente no Brasil com vários gêneros endêmicos principalmente na Mata Atlântica, ecossistema que abriga grande diversidade e quantidade de Bromélias. Ocorrem também nas Restingas, nos Campos Rupestres, Campos de Altitude, Cerrados, Caatinga e em algumas regiões da Amazônia e do Pantanal do Mato Grosso (Leme & Marigo, 1993). Na última monografia escrita para as Bromeliaceas, Smith e & Downs (1974, 1977 e 1979), organizaram duas mil cento e dez espécies em quarenta e oito gêneros e três subfamílias: Pitcairniodeae, Tillandsioideae e Bromelioideae. Reconheceram quarenta e seis gêneros de Bromeliaceas para o Brasil. Nos últimos vinte anos, novas coletas e descrições elevaram em aproximadamente em cinqüenta e cinco por cento o número de espécies para a família, que atualmente conta com cerca de três mil duzentas e setenta espécies e cinqüenta e seis gêneros (Luther & Sieff, 1994,1997; Grant & Zijlstra, 1998; Luther, 2000, 2001; Faria, 2002). Em função dos crescentes impactos provocados pela ação do homem nestes ecossistemas, as Broméliaceas correm sério risco de desaparecimento e carecem de urgentes estudos e medidas de conservação. Aos meus olhos a melhor forma de conservação é o incentivo a formação de colecionadores, pois esses com certeza procurarão preservar e cultivar da melhor forma possível cada exemplar que lhes chegarem ás mãos. Há necessidade de levantamentos florísticos com elaboração de chaves artificiais para identificação dos espécimes, além de informações sobre sua distribuição geográfica no Brasil, objetivando subsidiar a conservação de fragmentos remanescentes da Mata Atlântica e outros biomas igualmente ameaçados. Lamentavelmente há uma carência imensurável de pesquisadores de campo, para procederem novas coletas e conseqüentemente novas descobertas. É um paradoxo um país com tantos biomas ser tão pouco estudado e pesquisado e o pior, ao se procurar aprofundar um pouco mais a respeito de um espécime qualquer endêmico do Brasil, muito pouco ou nada se conseguira a respeito. Digo isso por experiência própria. Na qualidade de Colecionador de Bromélias com ênfase para subfamília das Tillandsioideaes, procurei aprofundar meus conhecimentos sobre esses táxons. Nada encontrei de literatura na língua portuguesa a respeito. Então tomei a iniciativa de montar um Blog intitulado Tillandsias Raras, onde no espaço de um ano fui montando Fichas Técnicas Individuais de cada espécime e descrevendo o manejo, a ambientação, o cultivo e reprodução de cada exemplar. Consegui implantar setecentas e oito Fichas Técnicas das quais, praticamente a metade só consegui identificar o país de origem e algumas fotos. Ao tentar descrever as endêmicas do Brasil a experiência não foi nada animadora, pois muito pouco ou nada se tem registrado a respeito dessas plantas encantadoras e misteriosas. Estou pretendo em registrar novas Fichas Técnicas sobre seleto grupo brasileiro de Tillandsioideaes de inflorescência vermelha e posteriormente das endêmicas do Brasil. Sei que muito pouco poderei discorrer a respeito desses táxons, mas creio que será uma pequena contribuição aos novos acadêmicos graduados em Botânica que despontarão daqui para frente.
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